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Site Autárquico de Beja

Praia Fluvial dos Cinco Reis,

sua envolvente e biodiversidade, especialmente ornitológica


No Parque Fluvial de Cinco Reis existe um percurso de visitação da avifauna aquática, com dois abrigos para observação, que procuram enquadrar a riqueza do ecossistema da albufeira e que podem ser usufruídos em qualquer altura do ano, aconselhamos, sobretudo, o período de outono/inverno pela maior quantidade e diversidade de aves que podem ser observadas nesta altura. Localizado em pontos
estratégicos do parque, os observatórios proporcionam aos visitantes um espaço de sombra e ‘camuflagem’.

A albufeira de Cinco Reis integra-se no Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva – EFMA encontrando-se poucos quilómetros a oeste da cidade de Beja e sensivelmente à mesma distância a sudeste da
vila de Beringel A barragem foi construída de raiz numa zona de culturas estepárias (cereais fundamentalmente) dos denominados “Barros de Beja” anteriormente ocupada genericamente por culturas de sequeiro ou eventualmente regadio através da utilização de rega com captações de água por furos.
A envolvente genérica alterou-se nos últimos anos com o advento das culturas de regadio intensivas e superintensivas, mudando radicalmente o panorama de suporte à biodiversidade existente. A zona mais oriental da albufeira confina hoje com olival intensivo e superintensivo que se estende quase até à cidade de Beja, mantendo-se a zona ocidental do plano de água adjacente a culturas cerealíferas “tradicionais” como o trigo ou o girassol.
Alguns tipos de insectos, nomeadamente Lepidópteros (borboletas) como a Papilio machaon e vários tipos de Libélulas como a Anax imperator ou a Crocothemis erythraea frequentam estes amplos espaços, existindo igualmente uma população de anfíbios de que a Rã-comum (Pelophylax perezi) é o principal representante.

Sob o ponto de vista da biodiversidade estas duas realidades dão suporte a tipos de espécies diferentes, sendo que a zona de olival intensivo mantém algumas espécies de mamíferos como a Lebre (Lepus
granatensis) sendo mesmo, dada a sua extensão, refúgio para espécies de maior porte como a Raposa (Vulpes vulpes) ou o Javali (Sus scrofa). No inverno, os turdídeos, como o Tordo-comum (Turdus philomelus) ou o Tordo-ruivo (Turdus iliacus) frequentam este extenso olival , que proporciona igualmente abrigo durante todo o ano a espécies de fringilídeos como o Pintarroxo (Linnaria canabina) e o
Pintassilgo (Carduelis carduelis), ou outras espécies como a Pega-azul (Cyanopica cooki) a Pega-rabuda (Pica pica) o Melro-preto ( Turdus merula) ou mesmo o Estorninho-preto (Sturnus unicolor). Na sua periferia podem observar-se o Cartaxo (Saxicola rubicola) a Cotovia-montesina (Galerida teckla) e, no inverno, a Petinha-dos-campos (Anthus campestris). Alguns exemplares de Abelharuco (Merops apiaster) nidificam nos taludes próximos.


A zona de culturas cerealíferas ainda presente na margem direita do plano de água dá suporte ao Trigueirão (Miliaria calandra), Perdiz (Alectoris rufa) e Codorniz (Coturnix coturnix) e a espécies mais emblemáticas que podem ainda ser aí observadas, considerando a envolvente alargada, como a Abetarda (Otis tarda) ou o Sisão (Tetrax tetrax). Adjacente ao plano de água existe uma vasta área de caniçal envolvente que constitui, juntamente com o plano de água propriamente dito, a zona mais rica sob o prisma ornitológico. Nesse extenso caniçal nidifica o Rouxinol-grande-dos-caniços (Acrocephalus arundinaceus) a Galinha-de-água (Gallinula chloropus) e o Galeirão (Fulica atra). Existe potencial elevado para a observação do raro e exuberante Camão (Porphyrio porphyrio) com a sua cor azul metalizada contrastando com o vermelho intenso das patas e do bico, que já se deixa observar um pouco por todas as barragens da Região. A Garça-real (Ardea cinerea) e a Garça-branca – grande (Casmerodius alba) são igualmente frequentadoras desta envolvente. No final do Outono e no inverno, o elegante e arisco Pisco-de-peito-azul (Luscinia svecica) e por vezes a Escrevedeirados- caniços (Emberiza schoeniclus) fazem-se notar por entre as manchas de caniçal. O Tartaranhão-dos-pauis (Circus aeruginosus) constitui igualmente presença regular nesta envolvente. O Garçote (Ixobrychus minutus) faz-se ouvir ao entardecer no meio do caniçal.


No plano de água pontuam, para lá do sempre interessante Mergulhão-de-crista (Podiceps cristatus) o Pato-real (Anas platyrhinchos), invernando aqui com regularidade a Marrequinha (Anas crecca) e o Zarro-comum (Aythya ferina) bem como a esbelta Negrinha (Aythya fuligula). O colorido Pato-de-bico-vermelho (Netta rufina) é também presença regular do plano de água de Cinco Reis. A Águia-pesqueira (Pandion haliaetus) tem sido igualmente observada e fotografada nos meses mais frios sobrevoando a albufeira.


A presença de Lontra (Lutra lutra) na albufeira está registada e confirmada embora esta se mostre furtiva e raramente se deixe observar. Sob o ponto de vista estritamente Ornitológico, a albufeira de Cinco
Reis e a sua envolvente possuem assim, para lá de outras particularidades, um grande potencial para observação de aves que prevemos seja de mais de 150 espécies diferentes, entre Residentes e Migradoras, estando dotada de dois observatórios próprios para o efeito.


Beja 17.7.2020 - por Diniz Cortes – Wildscape