Na sua continuidade encontra‐se o Convento de Nossa Senhora da Conceição, que ficou reduzido a menos de metade, salvando‐se a Igreja o Claustro menor e a sala do Capítulo. Com ligação a este Convento encontrava‐se outro, o Hospital Convento de Santo Antonino e nas suas proximidades a Igreja de São João. Todo este conjunto foi simplesmente arrasado. Mas a vontade de progresso far‐se‐ia sentir ainda noutros espaços, já que outros conventos tiveram o mesmo fim, destruindo‐se a memória dos tempos clericais.
A cidade foi assim "varrida" de boa parte dos seus equipamentos existentes. Quem visita e percorre as suas ruas sente a ausência de algo, sem compreender muito bem o quê. Apenas uma pequena parte dos novos espaços abertos foi reocupada. O espaço urbano entra no séc. XX completamente alterado, atravessando um processo de construção/desconstrução o qual se mantém mais ou menos calmo até ao momento do Estado Novo.
Com a afirmação deste regime, a cidade sofreria novas intervenções dentro do Centro Histórico. A primeira terá sido o processo de reconstrução do Castelo e das suas muralhas. Sob a direção da DGEMN toda a zona envolvente às muralhas do Castelo seria desafogada do casario humilde que desde os tempos de paz ali se instalou. A muralha ficaria totalmente à vista, assim como o Arco Romano das Portas de Évora, imagem que parcialmente se concretizou.
A segunda grande intervenção dá‐se na década de 40 na Praça da República, dotando‐a da configuração atual. Com a austeridade natural do regime, esta alteração imprimiria ao Largo um sentido de nacionalismo e concentração de poder, recolocando o Pelourinho na Praça. Uma das intervenções mais importantes terá sido, também, a destruição da Cadeia Filipina e a rápida construção, no seu lugar, do novo edifício das Finanças. Este espaço, apesar de discreto, destoa num conjunto que era até aqui homogéneo, verificando‐se uma interrupção desnecessária na continuidade da história deste espaço. A infelicidade de um incêndio nos antigos Paços do Concelho em 1947 levaria á necessidade de reconstrução de um novo edifício no mesmo espaço, projeto de um dos mais importantes arquitetos do Estado Novo, Rodrigues de Lima. Mais uma vez a Praça da República sofre nova intervenção. A consolidação do poder estava completada.
Entre as décadas de 30 e 40 vão surgindo novos equipamentos que vão colmatando os enormes espaços vazios libertados no início do séc. XX. O velho Teatro sofre obras de fundo, sendo totalmente alterado e adaptado a Cinema, com possibilidade de representações teatrais. Na zona onde existiu o Convento de Nossa Senhora da Esperança constroem‐se o Banco de Portugal, de gosto neo‐joanino, o Tribunal, o Governo Civil e por fim a Nova Caixa Geral de Depósitos, com um volume mais sóbrio e portanto mais moderno.
A arquitetura moderna vem pois ocupar, algo timidamente, alguns dos espaços libertados dentro do Centro Histórico, patenteando todavia, as dificuldades e vícios de um Estado autoritário e pouco esclarecido que não entendia as questões que com a revolução de 1974 se tornaram inadiáveis no Centro Histórico da cidade de Beja.